Há anos, comecei a vê-lo fardado de bombeiro, quando ia ou vinha do quartel, compenetrado e mais enérgico, mas sempre com a mesma simpatia, o mesmo sorriso, os mesmos gestos com que educadamente abria ou segurava a porta, para me deixar entrar quando me via com as mãos embaraçadas com sacos ou malas.
Hoje, à hora de almoço estremeci com a notícia da sua morte num incendio .
Sinto na garganta o garrote da tristeza e no peito a amargura de saber que injustamente, partiu uma pessoa boa, um jovem de 23 anos, recém-licenciado, dotado de uma imensa generosidade que o levava a colocar os outros à frente de si mesmo .
Por isso, há dias, apesar de não estar de serviço, voluntarizou-se para ir enfrentar as chamas que o levaram, só porque "era esse o seu dever" , como disse à mãe , antes do ultimo beijo.