terça-feira, 10 de setembro de 2013

CONSTERNAÇÃO


Tenho por obrigação de ofício, assentar os nomes daqueles que partem, levados por mil motivos ou sem nenhuma razão.

Sinto-me , às vezes, numa espécie de cais , donde registo as abaladas todas, dos conhecidos e dos outros, o que me tem reforçado a noção da precaridade da vida e despertado  a consciência do valor de cada momento.

Porque a morte é a negação do existir, a perda de alguém é sempre dolorosa, representa um empobrecimento, donde sobrevém um sentimento  estranho pelo vazio que fica, uma caverna escura  para onde   somos atirados  e donde tardamos a sair.

Mas nem todas as perdas têm o mesmo peso. Muitas são compensadas pela  sua inevitabilidade ou também pelo fim do martírio que determinam. Outras há, que são dilacerantes, cortam e levam consigo parte do nosso ser, arrasam na hora e diminuem para sempre a capacidade de voltarmos a ser iguais.

Ontem , com oito anos, sem doença aparente, o Lourenço faleceu, deixando esta terra consternada.  Para ele elevo o meu pensamento, acompanhando também a ZéZé e o Renato na profunda dor que sentem.