O RETRATO
Há quatro
anos, depois de ter vivido outros quarenta , numa entrega apaixonada e generosa às coisas da
terra e à nossa memória coletiva, fui impelido, por dever de consciência, para ser
candidato nas eleições locais . Não me moviam antipatias pessoais contra os
eleitos, nem motivações de ordem ideológica contra a força politica que é desde
sempre aqui maioritária, mas , tão
somente, acreditava que a minha equipa
podia valorizar mais o passado no presente, reforçando a nossa identidade e coesão social e, com os
meios excecionais de que o município vem
a dispor por via da derrama, importava trabalharmos na diversificação económica e num
desenvolvimento sustentado, salvaguardando o bem estar das populações no futuro.
Mas, então, aqueles
que foram chamados a escolher , democrática e
claramente, optaram pela continuidade, negando a mudança que propúnhamos
. Não sei se falámos baixo , se não nos exprimimos bem, ou tendo sido entendidos, se foram recusadas
as ideias e as propostas que a minha equipa avançava por imprestáveis.
Agora,
decorrido o mandato em que fui empossado e realizadas novas eleições, saio de
cena.
E vem isto a
propósito , destes últimos quatro anos , representarem um fronteira na minha
vida, uma linha que separa, de forma vincada, o antes do depois. A era do
coração, da era da razão. Por isso, do tempo já vivido , vou guardando numa caixa , emoções, recortes de papeis, sons e imagens,
notas de sorrisos e rancores que
cautelosamente arrumo como um bem maior. E foi neste trabalho de organização
das memórias que encontrei este vídeo de
2009, um retrato de como era então consumida a minha vida , semana a semana.
https://www.facebook.com/photo.php?v=101080249903442